Banco Mundial elogia resposta angolana à crise
A representante do Banco Mundial para Angola enalteceu ontem a posição do governo de avançar com um plano para mitigar as consequências da quebra da cotação do petróleo, assumindo o apoio da instituição à diversificação da economia nacional.
Clara de Sousa falava à Lusa, em Luanda, à margem de uma palestra sobre a crise internacional do petróleo, promovida pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, em que o orador convidado foi Mark Thomas, gestor de Programa da Prática Global de Macroeconomia e Gestão Fiscal para África do Banco Mundial (BM).
A representante do BM em Angola e São Tomé e Príncipe reconheceu um cenário global “de desafios”, ao qual o Angola “não é excepção”, face à dependência das exportações de petróleo, que o executivo propõe reverter, conforme plano anunciado esta semana.
“Direi que é positivo saber que está organizado um plano para se responder ao que são os desafios de agora. Sobre os detalhes do plano não tenho informação suficiente”, disse Clara Sousa, questionada pela Lusa.
O governo aprovou quarta-feira a denominada estratégia para fazer face à crise derivada da queda acentuada do preço do petróleo no mercado internacional, prevendo a substituição do crude como principal produto de exportação de Angola e recorrendo a endividamento para investir na produção interna, diminuindo as importações.
Segundo a responsável, o BM tem em Angola, neste momento, quatro missões a trabalhar em paralelo na recolha de informações nas áreas da estatística, agricultura, protecção social e macroeconomia, que deverão produzir um relatório sobre o país nos próximos dias.
“O que para nós é importante é não só perceber os desafios, mas ver como estes se tornam em oportunidades para resolver os problemas”, enfatizou Clara de Sousa.
A estratégia do governo, segundo explicou na quarta-feira o ministro do Planeamento e do Desenvolvimento Territorial, Job Graça, passa por “iniciar um novo ciclo económico de estabilidade não dependente do petróleo”, que “assenta no pressuposto da substituição do petróleo como principal fonte de receita fiscal e de exportações de Angola”.
“E preconiza, no curto prazo, recorrer ao endividamento para aumentar-se a produção interna, sobretudo dos produtos da cesta básica e de amplo consumo interno e para exportação, de modo a gerar divisas para o país”, disse o ministro.
O plano do governo prevê desde logo a utilização de saldos de linhas de crédito existentes, antes contraídas internacionalmente para “fins públicos”. Serão utilizados para “financiar projectos privados de elevada rentabilidade e promotores da diversificação da produção das exportações”.
Enquanto espera para “ver o detalhe” do plano do executivo liderado por José Eduardo dos Santos para combater a crise, Clara de Sousa sublinha que o BM é “parceiro” do governo no processo de diversificação da economia além.
“Angola começou a trabalhar no sentido da diversificação da economia antes da crise [actual da cotação do petróleo]. A crise veio acelerar a necessidade de ter resultados”, reconheceu.
Durante a sua palestra de ontem, em que a situação de Angola não foi analisada em concreto, o especialista do Banco Mundial Mark Thomas sublinhou que a crise petrolífera actual resulta não de uma redução substancial da procura mas sobretudo de um aumento da oferta.
Ainda assim, destacou Angola entre o conjunto de países com “maiores vulnerabilidades” ao nível do impacto fiscal com a quebra das receitas do petróleo, defendendo a concentração dos recursos públicos em investimentos reprodutivos.
O grupo Banco Mundial disponibilizou em Julho de 2015, através do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), um empréstimo de USD 450 milhões a Angola.
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